A Mansão da Família Chio situa-se nos n.os 24-26 da Travessa da Porta. Esta foi a segunda residência da proeminente família Chio, quando se mudou da aldeia de Mong Há, em Macau. Estima-se que o edifício principal da mansão tenha sido construído antes de 1875. A Mansão é um edifício residencial, com três salões ao estilo de Lingnan. Mais tarde, devido à necessidade de maior espaço, foram acrescentadas mais quatro habitações contíguas aos quatro cantos do edifício principal.
Segundo registos históricos, a família Chio descendia da família Imperial Zhao (ou “Chio” em cantonense) da dinastia Song. Zhao Youzhi, da 12ª geração, mudou-se para o condado de Xiangshan para seguir a carreira de alto funcionário; e no período entre o final da dinastia Ming e o início da dinastia Qing, Zhao Youbi, da 22ª geração, mudou-se com a sua família de Xiangshan, para a aldeia de Mong-Há, em Macau, iniciando o ramo da família Chio em Macau. Em meados do século XIX, Zhao Zhongkai, da 28ª geração da família Chio, mudou-se de Mong-Há para a Travessa da Porta, marcando assim a história da mansão.
Depois de se estabelecerem em Macau, gerações de descendentes da família Chio estudaram com afinco e alcançaram excelentes resultados nos exames imperiais. Entre eles, as gerações 25ª (Zhao Yuanlu) e 26ª (Zhao Yunjing) durante os períodos Qianlong e Jiaqing da dinastia Qing, foram os mais conceituados, porque tanto o pai como o filho alcançaram a posição de Juren, contribuindo para uma história muito badalada em Macau na altura. A mansão ostentava em tempos uma placa com a inscrição“Fuzi Dengke” (ou seja, o pai e o filho aprovados no exame provincial do mandarinato) que celebrava as suas realizações. A família Chio também operava uma escola privada numa sala lateral do templo da sua família, ensinando confucionismo e formando talentos como Zeng Wangyan e Bao Jun, que foram os seus melhores e mais brilhantes discípulos.
A família Chio fez contribuições cruciais para os primórdios da educação em Macau, ao mesmo tempo que desempenhava um papel importante na propagação do confucionismo na cidade. Além disso, a família participava activamente nos assuntos sociais locais, representando a comunidade chinesa de nobres. A família Chio teve grande influência e deu um contributo significativo para a cultura, a educação e a política de Macau. A Mansão da Família Chio é a única residência sobrevivente desta família proeminente em Macau, e testemunha a história do clã.
À medida que os descendentes da família Chio se mudaram gradualmente na década de 1960, a mansão tornou-se devoluta na década de 1990. Devido à passagem do tempo e à falta de manutenção ocorreram colapsos e danos na Mansão da Família Chio. Em 2021, o edifício foi adquirido pelo Instituto Cultural para ser restaurado.
