O Forte de S. Francisco situa-se no sopé da Colina da Guia, na antiga marginal costeira do sudeste da Península de Macau, no (então) extremo norte da Baía da Praia Grande, zona que mais tarde foi alvo de obras de aterro. O forte tem um formato arredondado, com duas praças semicirculares, respectivamente dos lados esquerdo e direito, no topo de muros de pedra com 6 metros de altura.
Com a instalação dos portugueses em Macau, as diferentes ordens católicas enviaram os seus missionários para a cidade. Em 1580, a ordem dos franciscanos construiu o Convento de S. Francisco numa colina à beira-mar, para preparar o seu trabalho missionário na China. No início da década de 1620, devido à sua posição estratégica, as autoridades portuguesas decidiram construir uma fortaleza homónima, junto ao convento, que foi concluída em 1629.
O Convento e o Forte de S. Francisco coexistiram durante mais de 200 anos, até 1834, quando o governo português ordenou a expulsão dos frades franciscanos. O convento acabou por ser demolido, entre 1862 e 1864, e o local foi posteriormente convertido em quartel. Na década de 1970, os militares portugueses retiraram-se de Macau e o quartel passou a ser utilizado pelas Forças de Segurança de Macau até hoje. Em 1872, para reforçar a defesa do extremo norte da Baía da Praia Grande, o governo de Macau decidiu construir uma bateria auxiliar em frente ao Forte de S. Francisco, denominada “Bateria 1 de Dezembro” (pela data da sua construção) que foi demolida na década de 1930, devido às obras de aterro na Praia Grande.
Importante entreposto da Rota Marítima da Seda durante as dinastias Ming e Qing, com ligações ao Continente e ao resto do mundo, e sobretudo pela sua localização única, Macau foi sempre cobiçada por outras potências marítimas. Mesmo apenas parcialmente construída, a Fortaleza de S. Francisco serviu desde logo para defender a cidade, nomeadamente contra a tentativa de invasão holandesa em 1622. No sistema de defesa costeira construído pelos portugueses em Macau, o Forte de S. Francisco estava na primeira linha de defesa, protegendo a parte sudeste da Península de Macau, com um alcance de tiro de canhão que chegava até à ilha da Taipa. É um testemunho importante do antigo sistema de defesa costeira de Macau como cidade da Rota Marítima da Seda.
