Bens imóveis classificados

SM020-Antigo Mercado do Tarrafeiro

Localização: Macau
Categoria: Sítio
Descrição do Local: Travessa das Galinholas e Travessa do Alpendre

O Antigo Mercado do Tarrafeiro, localizado na confluência da Rua de Cinco de Outubro com a Rua do Guimarães, também conhecido por “Mercado Simão” e Mercado Kong Iec[1], já existia antes da década de 70 do século XIX, destinando-se principalmente à venda de peixe fresco. Nessa altura o Mercado ficava na Travessa do Alpendre e na Travessa das Galinholas, e estendia-se por meio de espaços cobertos nas quatro direcções[2]. O Antigo Mercado do Tarrafeiro era explorado por APong (Peng Yu), Vice-Comandante do Governador das Províncias de Guangdong e Guangxi, e pela sua família, que arrendavam as tendas aos vendedores. Devido a uma ocupação de dois arruamentos públicos considerada ilegal, o Leal Senado extinguiu o Mercado do Tarrafeiro, em 1884, ordenando aos vendedores que se transferissem para o mercado municipal que ficava perto do Templo de Hong Chan Kuan na Rua de Cinco de Outubro[3]. Em Março de 1907, verificando o estado de ruína de vários dos antigos edifícios do Mercado, a Direcção das Obras Públicas intimou o proprietário, Chou-sin-hyp, a demolir e reconstruir os referidos edifícios. Em Junho de 1907, o proprietário submeteu à Direcção das Obras Públicas um projecto de reconstrução do Mercado do Tarrafeiro[4], cuja obra foi concluída cerca de Janeiro de 1909[5]. O Mercado funcionou sem interrupção até 31 de Janeiro de 1928, data em que foi forçado a fechar portas devido a más condições de salubridade[6].  Posteriormente, foi encerrado o troço da Travessa do Alpendre em direcção à Rua do Tarrafeiro para construção de casas[7]. Devido ao encerramento do Mercado, o nome do Mercado do Tarrafeiro foi caindo gradualmente no esquecimento. Porém, a persistência desta construção e dos arruamentos que configuravam o antigo mercado são um testemunho importante da história dos mercados públicos de Macau.

O Mercado do Tarrafeiro era inicialmente delimitado por uma barreira que servia como portão de entrada. Em 1907, com o novo projecto licenciado pela Direcção das Obras Públicas, foram construídos novos pórticos, com entradas pela Travessa das Galinholas e pela Travessa do Alpendre.  Os pórticos integravam-se nos arruamentos, delimitando um espaço público com uma função específica. A conjugação dos pórticos com as vias públicas tornou-se um exemplo concreto das soluções arquitectónicas adoptadas nos primeiros mercados municipais em Macau. Na década de 90 do século XX, o pórtico da Travessa do Alpendre ruíu, existindo agora apenas o pórtico da Travessa das Galinholas. O pórtico subsistente, de estilo ecléctico, pode ser dividido em três secções: a primeira constituída por um grande arco, a segunda incluindo um friso decorado, e a terceira, rematando o conjunto com um frontão entrecortado com enrolamento.


[1] Tong, Si, Monografia de Macau (continuação), Pequim: Editora Wenlian da China, 1999, p. 154.

[2] Arquivos históricos, Arquivo de Macau, documento n.º MO/AH/AC/SA/01/00578/001, p.10.

[3] Boletim Oficial do Governo da Província de Macau e Timor, 1884, 29 de Março, p.134.

[4] Anúncio publicado pelo Leal Senado a 18 de Abril de 1907.

[5] Numa carta enviada pelo então Departamento das Obras Públicas ao Leal Senado a 18 de Janeiro de 1909, refere-se que os proprietários do Mercado do Tarrafeiro requereram a pintura das paredes do mesmo, pelo que se supõe que na altura a reconstrução do Mercado já se encontrava concluída.

[6] Arquivos históricos, Arquivo de Macau, documento n.º MO/AH/LS/1324.

[7] Cadastro das Vias públicas e Outros Lugares da Cidade de Macau, Macau, Leal Senado da Câmara Municipal de Macau, 1957. p42.