O Edifício na Estrada Nova, n.º 2, vulgarmente conhecido como “Casa Verde”, situa-se no cruzamento entre a Estrada de S. Francisco e a Estrada Nova, na envolvente do antigo Quartel de S. Francisco. Projectado em 1919 pelo arquitecto português Carlos Rebelo de Andrade (1887-1971), o edifício é considerado como um exemplar representativo do estilo arquitectónico “Casa Portuguesa”.
O Movimento da “Casa Portuguesa” teve no arquitecto português Raúl Lino um dos principais promotores, com uma extensa obra construída e uma importante produção teórica que exerceu uma profunda influência em Portugal e nas diferentes regiões sob a administração portuguesa. Nas suas obras e publicações, Raúl Lino identifica o que considera serem os elementos fundamentais da casa portuguesa, apelando à integração das características arquitectónicas locais e ao aproveitamento do materiais tradicionais em pormenores como os beirados, os alpendres, os vãos emoldurados com pedra de cantaria ou os revestimentos a azulejo.
O arquitecto Carlos Rebelo de Andrade foi um dos impulsionadores da arquitectura residencial do Movimento da “Casa Portuguesa” em Macau. No desempenho de funções enquanto arquitecto da Direcção das Obras Públicas de Macau, Carlos Rebelo de Andrade desenvolveu vários projectos para edifícios que deixaram uma importante marca na imagem da cidade, como o Edifício-sede dos Correios, o Edifício do Corpo de Bombeiros, o primeiro edifício da Escola Comercial Pedro Nolasco e o Edifício na Estrada Nova n.o 2, entre outros.
O Edifício na Estrada Nova, n.º 2 foi projectado originalmente como um conjunto de duas residências para os oficiais do Quartel de S. Francisco. No entanto, ainda durante o processo de construção, as residências foram destinadas a servir os médicos e farmacêuticos do Hospital Conde de São Januário, por se encontrarem na respectiva envolvente.
Composto por duas moradias unifamiliares geminadas, o edifício é caracterizado pela disposição simétrica dos volumes, com um corpo central de dois pisos, prolongado sobre o eixo longitudinal, de ambos os lados, pelos volumes de um piso que configuram as salas de jantar abertas para o jardim. O conjunto é rematado por telhados tradicionais adaptados à tecnologia local de telha chinesa, com beirados decorativos e mansardas. Sobre as janelas das salas de jantar é aplicado um beirado decorativo, que viria a tornar-se um pormenor amplamente reproduzido em edifícios posteriores de arquitectura residencial estilo "Casa Portuguesa" em Macau.
A transição entre exterior e interior é feita através de um alpendre de entrada, pelo qual se acede ao piso térreo, a uma cota elevada em relação à rua. Concentram-se neste piso os espaços sociais da moradia, numa sucessão de três salas caracterizadas por elementos arquitectónicos de cuidada pormenorização, nomeadamente a separação de espaços através de vãos em arco, a colocação da lareira marcando a transição entre a sala de visitas e a sala de jantar, e o prolongamento desta última num pequeno espaço de planta semi-hexagonal.
O Edifício da Estrada Nova n.o 2 foi habitado até à década de 90 do século XX, ficando devoluto após essa data. Posteriormente, desde 2012 até à actualidade, a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) cedeu o edifício para instalação da sede de uma instituição sem fins lucrativos.