Bens imóveis classificados

MM050-Ponte-cais n.º 1

Localização: Macau
Categoria: Monumentos
Descrição do Local: Largo do Pagode da Barra

A Ponte-cais n.º 1, situada no Largo do Pagode da Barra, em frente ao Templo de A-Má, é a primeira de um conjunto de mais de 30 pontes-cais do Porto Interior.

Segundo a tradição, o desembarque dos portugueses em Macau, no século XVI, ocorreu neste local, defronte do Templo de A-Má, onde outrora havia uma praia rochosa com um cais sinalizado por uma placa de pedra, a qual, entretanto, ficou soterrada devido à construção de aterros. Mais tarde, foi construído o Terminal Marítimo do Governo no local do antigo cais, destinando-se especialmente às partidas e chegadas dos governadores e governantes e sendo, por conseguinte, também conhecido como “Cais Real”. Antigamente, ao chegarem a Macau para tomar posse, os governadores desembarcavam neste cais, procedendo-se no local à cerimónia da revista da Guarda de Honra. Ao abandonarem Macau, os governadores utilizavam também a Ponte-cais n.º 1, onde os titulares dos cargos políticos, dirigentes de associações chinesas, personalidades e comerciantes de renome apresentavam as suas despedidas.

Ao Terminal Marítimo do Governo, sito em frente ao Templo de A-Má, foi atribuída, em 1946, a designação de “Ponte-Cais n.º 1”, sujeitando-se à jurisdição da Capitania dos Portos e destinando-se principalmente ao estacionamento de barcos de patrulha marítima. Além disso, o terminal era também utilizado para a realização de actividades relacionadas com os pescadores. Em 1987, após a inauguração do Museu Marítimo de Macau, no Largo do Pagode da Barra, o terminal passou a ser utilizado como local de exibição de embarcações históricas e tradicionais, incluindo rebocadores, barcos comemorativos, barcos-dragão, barcos de pesca e barcos do Vietname, com visitas abertas ao público.

A Ponte-cais n.º 1 situa-se no extremo ocidental da Península de Macau, em frente à Colina da Barra, constituindo um edifício de carácter simbólico no antigo Canal do Porto Interior. Esta função simbólica reflecte-se na caracterização arquitectónica, num estilo ecléctico, influenciado pela arquitectura do antigo Quartel dos Mouros, à época o edifício-sede da Capitania dos Portos.

A Ponte-cais é constituída por uma plataforma de embarque coberta, construída sobre o leito do rio e acessível através de um pórtico ladeado por duas casas da guarda. Os alçados apresentam um desenho simétrico, marcado por um grande vão de entrada de forma trapezoidal e pelas portas e janelas das casas da guarda caracterizadas por arcos quebrados e molduras rusticadas. O acabamento exterior é executado em reboco, pintado a ocre, com os elementos decorativos sublinhados a branco, sendo o conjunto rematado por uma pala de betão armado e uma platibanda decorada com merlões e ameias. A base da pala é decorada com um friso de motivos geométricos.

Sobre o vão principal de entrada encontrava-se o brasão de armas de Portugal. As guardas da plataforma de embarque são decoradas com a Cruz da Ordem de Cristo, a qual é cingida por um círculo e destacada a vermelho, contrastando com a cor predominantemente amarela do edifício. Esta cruz corresponde ao símbolo da Ordem dos Cavaleiros de Cristo, que figurava nas velas das Naus Portuguesas na época dos Descobrimentos.