Património Cultural Intangível

Fabrico de Pivetes

Apresentação: 

O chamado pivete é um tipo de incenso usado na veneração de divindades. Acredita-se que o fumo emanado destes pivetes é capaz de alcançar a morada dos deuses, sendo amplamente usado em diversas cerimónias religiosas e rituais pessoais. A indústria do fabrico de pivetes conheceu grande desenvolvimento à medida que estes se tornaram num artigo de primeira necessidade nas cerimónias tradicionais Chinesas. Existem, essencialmente, dois métodos de produção de pivetes em Macau, o “Cuoxiang (incenso de esfregar)” e o “Linxiang (incenso demolhado)”, sendo ambos os processos tradicionalmente feitos à mão.  O “Cuoxiang” consiste numa mistura de farelo de madeira, especiarias e pó de incenso em determinadas proporções, com os referidos elementos colocados numa bacia e misturados com as mãos. A mistura transforma-se numa espécie de massa quando aquecida, sendo esta a altura em que os palitos de bambu são enrolados na pasta de forma a que esta os revista totalmente. Após concluída esta etapa, os pivetes são finalmente colocados a secar ao ar livre. Todo o processo é extremamente técnico, sendo levado a cabo manualmente e de forma meticulosa, notando que cada pivete é fabricado individualmente, o que implica custos relativamente elevados. O processo de fabrico de “Linxiang” consiste em pegar directamente numa quantidade relativamente grande de palitos de bambu, demolhando-os em água e, de seguida, revestindo-os com pó de incenso, processo que é repetido três vezes antes de serem colocados a secar. Este processo é mais rápido, mas o produto final não é de tão boa qualidade quanto o “Cuoxiang”.

Estado de preservação e transmissão:

No passado, a indústria de fabrico de pivetes era, juntamente com as indústrias de panchões e de fósforos, uma das maiores indústrias de Macau. Com uma história de mais de 100 anos, estas três indústrias constituíram outrora um importante pilar económico do território. O volume de produção da indústria de fabrico de pivetes atingiu o seu pico entre as décadas de 1950 e 1970, altura em que se encontravam em operação mais de 40 fábricas locais. A abertura económica do Interior da China e a escassez de espaço e de recursos humanos necessários à produção provocaram o declínio desta indústria tradicional em Macau, restando actualmente apenas alguns artífices a exercer este ofício.

Valor patrimonial:

A complexidade técnica e a delicadeza do processo de fabrico de pivetes revelam bem a capacidade de transmissão e o desenvolvimento da cultura do artesanato Chinês em Macau. A prosperidade da indústria de fabrico de pivetes de Macau está directamente relacionada com antigas práticas quotidianas, crenças religiosas e costumes da comunidade local, sendo um elemento de grande valor para o estudo das primeiras fases do desenvolvimento económico de Macau, e um elemento de grande valor sobre os costumes do dia-a-dia da comunidade local.