Bens imóveis classificados

MM045 Templo de Sin Fong

Localização: Macau
Categoria: Monumentos
Descrição do Local: Terreno junto à Travessa de Coelho do Amaral

Através de registos escritos antigos, nomeadamente a “Investigação das 13 Vilas de Xiagongchangdu do Condado Xiangshan”, podemos saber que o Templo de Sin Fong foi construído antes de 1827 (7º ano da era Daoguang)[1], tendo, pelo menos, 190 anos de história. Actualmente,  o  artefacto  mais  antigo  que  existe  no  interior  do  templo  é  um  instrumento  musical  “Yun  Ban”  (gongo  achatado  de  bronze) que se encontra suspenso no salão principal e apresenta uma inscrição de  caracteres  que  indicam  a  data  do  “11.º  ano  do  reinado  do  Imperador  Xianfeng”  (1861)

O Templo de Sin Fong foi construído com uma orientação a sudeste, e está localizado a oeste do limite da antiga povoação de Mong-Há. Antes dos aterros realizados no início do século XX, este templo encontrava-se à beira do rio. O Templo de Sin Fong está localizado junto da área onde estiveram instalados o  exército  Qing  e  o  quartel  dos  portugueses[2]. O cadastro das vias públicas do início do século XX também registava a localização exacta do Templo de Sin Fong como “aldeia ribeirinha em terreno aluvial”[3]. A “tabuleta ancestral comemorativa que existe neste terreno aluvial” ao lado do Templo de Sin Fong vem igualmente corroborar este registo histórico. Além disso, no início do século XX, antes da “Estrada de Coelho do Amaral” ter o seu traçado actual, o Templo de Sin Fong ainda se situava nesta via[4]. Posteriormente, devido ao desenvolvimento da cidade e à construção de edifícios de grande escala nos arruamentos circundantes, a presença urbana do templo ficou diminuida. O Templo de Sin Fong e outros templos antigos situados ao longo da Avenida do Coronel Mesquita registam a história da comunidade chinesa e a forma de vida da antiga povoação da zona de Mong-Há. O Templo de Sin Fong é um testemunho físico do desvio da Estrada de Coelho do Amaral e das transformações introduzidas no litoral da península. O Templo de Sin Fong é de grande importância para o estudo da história antiga da comunidade chinesa, do tecido urbano e da organização das aldeias, assim como do planeamento das ruas modernas de Macau.

O Templo de Sin Fong tem beirais curtos e telhas pequenas, salões de pequena dimensão e altares baixos, sendo simultaneamente sóbrio e solene. O templo está dividido em três partes principais interligadas, incluindo o salão principal, o salão lateral e um espaço acessório, sendo semelhante à disposição da maioria dos templos chineses tradicionais de Macau. No salão principal venera-se o chamado “General Vanguarda” e no salão lateral venera-se o “Rei Dragão do Mar do Leste”. Acredita-se que o “General Vanguarda” é um deus do mar que protege a paz e impede catástrofes e perigos.  De facto, o chamado General Vanguarda é venerado no país inteiro, sendo uma divindade relativamente comum. O salão lateral do Templo de Sin Fong é dedicado ao deus do mar, Rei Dragão do Mar do Leste, que está intimamente ligado à indústria da pesca, pois protege os pescadores que vão ao mar e abençoa-os com uma boa pesca. Actualmente, muitos devotos continuam a visitar o templo durante o Festival de Sin Fong, que tem lugar no 6.º dia do 6.º mês do calendário lunar, bem como no Festival do Rei Dragão Sin Fong, que tem lugar no 17.º dia do 9.º mês lunar, criando um ambiente de grande animação. O Templo é de grande importância para o estudo das formas de vida e das crenças populares dos chineses de Macau.


[1]  (Qing) Autor Zhu Huai: “Aomen Zhì Lue”, Beijing: Editora da Biblioteca Nacional da China, 2010, pp. 34. Tang Kai Jian ‘7º ano da Dinastia Qing “Descobrimento e Valor das Vilas de XiaGongChangDu, de XiangShan”’, Boletim de Estudos de Macau volume 63, 2011, p. 118-154.

[2] A partir de um mapa pintado em cerca de 1886 é possível ver que o Templo de Sin Fong se situa fora do “portão oeste de Mong-Há.” Wu, Hong Qi; Zhao, Xiangjun, “Estudo preliminar do ‘Mapa de Mong Há e vilas próximas’”, 77ª edição da Revista de Cultura, 2010, p. 188.

[3] Confeccionado por Euclides Honor Rodrigues Vianna, Cadastro das vias publicas de Macau, Macau: Typographia Noronha & Ca, 1906, p.147.

[4] Confeccionado por Euclides Honor Rodrigues Vianna, Cadastro das vias publicas de Macau, Macau: Typographia Noronha & Ca, 1906, p.4. Organizado por Augusto de Souza Barbeiro, Cadastro das vias e outros lugares públicos da cidade de Macau, Typographia PO MAN LAU - Macau, 1925, p.70. Cem anos que mudaram macau, Macau: Edição do Governo de Macau, 1995, p.30.