Património Cultural Intangível

Crença e Costumes de Na Tcha

Uma personagem dos mitos e lendas chineses, Na Tcha é retratado nos romances Fengshen Bang (A Investidura dos Deuses) de Xu Zhonglin e Lu Xixing (séc. XVI) e Xi Lu Ji (Viagem ao Ocidente) de Wu Cheng'en (séc. XVI) com poderes mágicos que eliminam os demónios. É frequentemente representado como uma criança montada nas Rodas de Fogo de Vento com poderes omnipotentes para afastar os demónios e os desastres na terra. Devido aos seus poderes, sempre que havia uma praga, crianças doentes ou a necessidade de realizar exorcismos ou afastar maus espíritos da cidade, as pessoas pediam ajuda a Na Tcha, tornando-se este, com o tempo, parte das crenças populares e patrono das crianças.

Segundo a lenda, durante a dinastia Qing, um rapaz usando um dudou, ou peitilho chinês, com o cabelo enrolado a formar dois puxos, era visto frequentemente a brincar com outras crianças, subindo para cima de rochas e liderando as outras crianças. Embora a encosta fosse íngreme, nunca houve nenhum acidente. Como o seu aspecto era muito similar ao da figura lendária de Na Tcha, as pessoas acreditavam que Na Tcha se tinha feito representar por esta criança. Um templo foi então construído nessa encosta em sua honra.

A crença em Na Tcha em Macau remonta há mais de 300 anos, honrando e advogando “Na Tcha Príncipe em 33 dias”. Este facto não se combina apenas com os mitos populares, mas combina-se também com os costumes e a cultura locais, desenvolvendo o seu estilo único; lendas, aniversários ou rituais apresentam todos diferenças muito significativas em relação às regiões vizinhas. A sua cerimónia de adoração é muito tradicional e merecedora de estudo.

Embora Macau tenha suspendido a realização de festivais relacionados com Na Tcha durante cerca de três décadas devido a factores políticos, as pessoas que conheciam os rituais deste culto subsistiram, retendo e preservando assim esta tradição. Para além da construção de altares, outras actividades populares incluem desfiles, carros alegóricos, o fabrico de amuletos da sorte, uma corrida de panchões, a distribuição de arroz da paz e ópera chinesa executada para a divindade.