Bens imóveis classificados

MM051-Casa da Família Chio

Localização: Macau
Categoria: Monumentos
Descrição do Local: Travessa da Porta, n.º 24-26

A Casa da Família Chio situa-se nos n.os 24-26, na Travessa da Porta. Foi a segunda residência da proeminente família Chio, quando se mudaram da Povoação de Mong Há, no norte de Macau, para o centro da cidade. Acredita-se que o edifício principal tenha sido construído o mais tardar em 1875[1]. A Casa é um edifício residencial de estilo Lingnan, organizada num sistema de ‘três vãos e três salões’ com dois corredores entre eles. Posteriormente, devido ao espaço insuficiente no edifício principal, foram acrescentadas sucessivamente mais quatro habitações contíguas aos quatro cantos do edifício principal.

A família Chio é descendente da família imperial Zhao (ou "Chio" em cantonês) da dinastia Song, e descendente de Zhao Guangyi, imperador Taizong de Song. De acordo com a Genealogia do Shuze-Tang da família Chio e a Sinopse da Família Chio, a família Chio era descendente do clã imperial da dinastia Song. Zhao Youzhi, da 12.ª geração, mudou-se para o condado de Xiangshan para exercer o seu cargo oficial; e Zhao Youbi, da 22.ª geração, após a morte do pai, mudou-se com a mãe, o irmão mais novo, a mulher e os filhos, de Shangzha, em Xiangshan, para a Povoação de Mong-Há, em Macau, onde fixaram residência. Em meados do século XIX, Chio Chong Hoi, da 28.ª geração da família Chio, mudou-se de Mong-Há para a Travessa da Porta, marcando assim o início da história da Casa da Família Chio em Macau.

Depois de se estabelecerem em Macau, gerações de descendentes da família Chio estudaram e obtiveram excelentes resultados nos exames imperiais. Notavelmente entre eles, “dois obtiveram o grau de ‘Juren’ (graduado provincial ou bolseiro de primeiro grau), sendo admitidos ao exame na capital, e um tornou-se oficial do ensino superior e outros dois foram admitidos na escola imperial[2] .” Neste contexto, a família Chio tornou-se uma das quatro famílias mais proeminentes de Mong-Há, Macau. Entre os descendentes, a 25.ª (Chio Un Leok 趙元輅) e a 26.ª (Chio Vun Ching 趙允菁) gerações durante os períodos Qianlong e Jiaqing da dinastia Qing, foram as mais renomadas, pois ambos (pai e filho) alcançaram a categoria de ‘Juren’ – o que explica a placa com a inscrição “父子登科” (que significa pai e filho aprovados no exame provincial para o serviço público), pendurada na Casa da Família Chio.

O pai e o filho também fundaram uma escola particular, cultivaram muitos talentos e deram um contributo vital para o sector educativo de Macau nos seus primeiros anos, ao mesmo tempo que desempenharam um papel importante na difusão do Confucionismo em Macau. Além disso, a família Chio participou activamente nos assuntos sociais locais, actuando como representante da comunidade de pequena nobreza chinesa. Dito isto, a família Chio teve uma grande influência na sociedade da época e deu um contributo significativo para a cultura, a educação e a política de Macau. A Casa da Família Chio é a única residência sobrevivente desta proeminente família em Macau, testemunhando a história de desenvolvimento da própria família nesta cidade.

Com base nos diferentes períodos de construção, a Casa pode ser dividida em cinco partes distintas, nomeadamente o edifício principal e as quatro habitações nos cantos nascente, sul e norte do edifício principal. Estas habitações estavam ligadas ao edifício principal, mas cada uma tinha um portão de acesso individual e apenas a casa do canto oeste não estava ligada ao edifício principal. Em termos de estilo arquitectónico, o edifício principal era uma versão ampliada de uma estrutura cantonesa de Lingnan, com uma configuração de "três salões e dois corredores", ao passo que a habitação do canto sul adoptou o mesmo estilo, e as outras três moradias de canto foram construídas como residências de paredes estruturais de tijolo e vigas de suporte de madeira, com piso em cerâmica e parte dos telhados revestidos com telhas. A habitação do canto oeste também integra elementos arquitectónicos de estilo ocidental.


[1] In Além da casa ancestral em Mong-Há, a família Chio possuía também outras propriedades em Macau, como uma loja na Rua das Estalagens e uma loja no Beco do Porco (劏豬圍), conforme consta da Crónica do Construção dos Salões Ancestrais de Chio. Pode-se assim presumir que o imóvel situado no n.º 26, Travessa da Porta, também teria sido adquirido há muito tempo pela família Chio. Ainda segundo estudos relevantes, o Salão Ancestral Chio, em Mong-Há, foi destruído pelo  grande tufão de 1874, tendo posteriormente a família Chio transferido o salão ancestral para o n.º 26, Travessa da Porta. Portanto, deduz-se que a casa foi concluída o mais tardar em 1875.  

[2] Lin Guangzhi, Um Estudo sobre a História da Família Chio em Mong-Há, Macau na Dinastia Qing, no terceiro número de Estudos de História de Macau (editor-chefe: Tang Kaijian), 2004, p. 125.